E agora, Bolsonaro? Mourão, o indemissível, reconhece a vitória de Biden

13 de novembro de 2020, 10:59

Bolsonaro terá mais um problema com o seu vice, depois da controvérsia sobre a expropriação de terras na Amazônia. O general Hamilton Mourão disse hoje em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que reconhece a vitória de Joe Biden.

— Como indivíduo, eu reconheço, mas não respondo pelo governo. Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais irreversível.

Logo depois, Mourão disse acreditar que “brevemente” o governo brasileiro também irá reconhecer a vitória do democrata.

Mourão acabou admitindo que Biden venceu a eleição no mesmo dia em que o governo chinês reconheceu a vitória do democrata.

Agora somente Brasil, Rússia, México e Coreia do Norte ainda não se manifestaram sobre a derrota de Trump.

O jornal Zero Hora informa que, na entrevista, Mourão também comentou de novo a polêmica após a divulgação de uma proposta, em discussão no Conselho Nacional da Amazônia Legal, que prevê a expropriação de propriedades em caso de crime ambiental.

Bolsonaro disse que a proposta era um “delírio” e ameaçou demitir os responsáveis:

— Isso será analisado pela parte jurídica, pelo Ministério da Agricultura, que dirão se é exequível. Aí levaremos ao presidente, que vai dizer se quer ou não — afirmou Mourão, que disse ainda não ter conversado com Bolsonaro sobre o tema, mas que pretende falar “a hora em que ele desejar”.

Mourão foi questionado na entrevista sobre a recente declaração de Bolsonaro, que falou em usar “pólvora”, no lugar da diplomacia, em resposta a uma declaração de Biden.

O vice-presidente afirmou que é preciso “prestar mais atenção nas ações do que nas palavras do presidente.

— Vamos esperar que o futuro presidente (dos EUA) assuma. Ele tem vários problemas a solucionar. Depois, vamos ver o que acontece sobre o posicionamento dele sobre a Amazônia.

Com a entrevista, Mourão desmontou reportagem de hoje na Folha, segundo a qual o vice-presidente teria sido recomendado pela ala militar a não dar declarações polêmicas.

Julia Chaibe e Renato Machado informam na reportagem que, depois da briga provocada pelo projeto de expropriação de terras, a cautela deveria ser adotada pelo vice-presidente.

O general não parece disposto a ouvir conselhos que o empurrem para o silêncio. Mourão, o indemissível, chutou o pau da barraca, a barraca, o balde e a vaca.

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Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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