A decepção com o tucano do bico pesado
É curto e sem brilho o voo do tucano gaúcho da imaginada terceira via à eleição do ano que vem. Há um desmonte precoce do nome de Eduardo Leite, que O Globo decidiu colocar na vitrine como um político com agenda liberal. E uma pesquisa revela que ele não voa nem no seu Estado.
A reportagem do Globo parece um elogio, mas é uma definição genérica que não significa nada e ao mesmo tempo pode significar muito.
Não significa nada porque qualquer político de direita, mesmo que se apresente como sendo de centro, segue pretensas ideias liberais.
E pode significar muito porque é também, para o eleitor não-liberal, uma definição denunciadora do político que tenta se apresentar como um social-democrata.
O Globo desmascara o governador gaúcho. Por isso, o elogio liberal vale como um constrangimento. O jornal diz: esse cara é de direita.
O tucano foi eleito como aliado de Bolsonaro, tenta saltar fora do estigma de candidato aliado a lideres da extrema direita gaúcha, procura se reafirmar como alguém de centro-esquerda (sem que se sabia o que isso quer dizer hoje em dia) e agora é apresentado ao grande público do Globo como liberal.
A reportagem mostra que o tucano tenta disputar as prévias do PSDB à presidência da República, que seriam em outubro, porque esse sempre foi seu projeto e por saber que dificilmente conseguirá se reeleger no Estado.
O Globo fala da reforma da previdência, da venda de estatais, da preocupação com austeridade fiscal e com o pagamento em dia dos salários dos servidores.
Não há uma linha, uma só, sobre programas sociais ou ações na área da educação e da cultura. Nem programas econômicos há para mostrar.
O Globo expõe o tucano como um gestor do desmonte do Estado, apenas isso, sem nenhuma marca que não seja a de vendedor do patrimônio público.
É pouco para quem pretende ser uma alternativa da direita ao fascismo de Bolsonaro. Tão pouco que o nome do moço não empolga.
Uma pesquisa desta semana do Instituto Atlas para o jornal Valor Econômico mostra que Leite tem apenas 7,2% das intenções de voto à presidência no próprio Estado. Lula e Bolsonaro polarizam a disputa. Lula vence em todas as simulações.
Leite não tem, como chegaram a imaginar, uma boa arrancada nem no seu Estado. Não parece ser dele a cara do novo que o eleitor mais à direita espera ver para tirar Bolsonaro da disputa e ter um candidato forte contra Lula. O PSDB está abatido e, como substituto, tenta agora até uma ‘novidade’ que se chama Tasso Jereissati.
O gaúcho é um tucano-pangaré empacado, apenas mais um liberal que não consegue se livrar da marca como aliado de Bolsonaro. Foi o jeito que ele encontrou para se eleger. É o preço que vai pagar por muito tempo, talvez para sempre.
O tucano ficou com o bico pesado por seus vínculos oportunistas com as facções de extremistas de Bolsonaro no Rio Grande do Sul. A terceira via gaúcha é uma decepção.
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