Um nome para guardar: Raul Araújo
Confesso que até o domingo 27 de março eu nunca tinha ouvido falar de um certo Raul Araújo. E que, a partir de agora, esse é um daqueles nomes para ser guardado, para não ser esquecido jamais.
O referido cidadão integra o Tribunal Superior Eleitoral. E neste último domingo de março deu uma exemplo magnífico de cinismo e manipulação. Atendendo a um pedido do PL, o partido do ultradireitista desequilibrado Jair Messias, proibiu que artistas que participam de um festival gigantesco façam propaganda eleitoral antecipada.
O que motivou o pedido do PL foi a cantora Pabblo Vitar, que ao terminar sua apresentação desceu do palco e foi se juntar ao público agitando uma toalha – sim, sim: toalha, e não faixa gigantesca – com o rosto de Lula. Se algum outro artista repetir o gesto ou fizer qualquer menção a Lula estará cometendo crime eleitoral, e os organizadores do Lollapalooza terão de pagar multa de 50mil reais.
Seria apenas uma perfeita mostra de subserviência olímpica se não fosse também uma medida alarmante.
Desde sempre ficou bastante claro que Jair Messias e seu bando lançarão todas as armas ao seu alcance para que esta campanha eleitoral seja das mais violentas e sórdidas da nossa história.
Por isso a importância de que o TSE, a mais alta instância da justiça eleitoral, tenha se multiplicado tanto.
Mas agora, a partir da iniciativa do senhor Raul Araújo, como confiar na objetividade e na imparcialidade do TSE?
O festival termina neste mesmo dia da surpreendente decisão de um de seus integrantes, e todos os outros já não poderão fazer mais nada.
Jair Messias não deixou nem por um segundo, e isso desde o seu primeiro dia aboletado na poltrona presidencial, de fazer campanha pela sua reeleição. Suas movimentações, todas elas pagas com recursos públicos, jamais tiveram outro objetivo. Chegou a se deslocar para inaugurar uma ponte de madeira de pouco mais de vinte metros de extensão.
Nas suas transmissões via internet das quintas-feiras, não faz mais que atacar Lula e eventualmente algum outro possível candidato e louvar, mentindo de maneira compulsiva, os feitos do seu governo.
E não se ouviu jamais um miserável pio de parte de algum dos integrantes do TSE denunciando essa campanha estridente, incessante e, claro, antecipada.
Será essa a atitude dos digníssimos senhores ministros colegas do cidadão Raul Araújo quando a campanha tiver seu início oficial?
Cada vez mais olho para o meu país e o que vejo é desolador. Pobre país, esse nosso.