(Foto: Reprodução)

Sete anos sem Eduardo Galeano

13 de abril de 2022, 15:52

Em 2015, o 13 de abril foi uma segunda-feira. E naquele dia o incansável viajante Eduardo Galeano fez sua única viagem sem volta. Foi-se embora derrotado por um câncer.  

Até hoje carrego um vazio imenso na alma. Durante muitos meses depois da morte de Galeano me flagrei telefonando para ele. Queria ouvir sua opinião sobre coisas que aconteciam, queria contar novidades de amigos brasileiros que dividíamos, queria contar de viagens. Depois me conformei com a certeza da sua partida e deixei de telefonar.

Muita, muita coisa aconteceu de 2015 para cá. E aqui no Brasil, todas foram para piorar um cenário que naquele ano já era tenso e turbulento.  

Galeano não viu a vitória do direitista Mauricio Macri na eleição presidencial de 2015, não acompanhou o horror que foi seu governo de roubalheiras sem fim. Também não viu a vitória do advogado Luis Lacalle Pou no seu Uruguai, em 2020, devolvendo a presidência à direita que parecia neutralizada.

Não viu a grande vitória do jovem Gabriel Boric no Chile neste 2022, revivendo o sonho de Salvador Allende, que Galeano conheceu bem.

Também não viu o golpe institucional contra Dilma Rousseff, a primeira mulher a presidir o Brasil, que para ele era uma espécie de segunda pátria. Nem a chegada do usurpador cleptômano Michel Temer. Nem um juizeco manipulador mandar Lula para a cadeia, abrindo caminho para a chegada de uma aberração boçal e desequilibrada chamada Jair Messias e sua quadrilha à presidência.

Devo admitir que a lista de desastres que aconteceram e acontecem neste pobre Brasil destroçado e que Galeano escapou de ver alivia um pouco a dor da sua ausência.

Um pouco. Hoje à noite brindarei por ele e pela memória que guardo dele. O irmão mais velho que a vida me deu.  

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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