
Porta-voz do Alto Comando do Exército envia nota à Revista Época contra críticas ao governo
Uma nota que circula nas redes sociais com data de hoje, e assinada pelo General de Divisão Richard Fernandez Nunes, Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, endereçada à “senhora Ana Clara Costa, editora-chefe da Revista Época, e redigida em nome do “Senhor Comandante”, não deixa dúvidas. Quando Bolsonaro dirigiu-se aos seus “apoiadores”, nesta manhã, e disse que a decisão de ter ou não ter liberdade no país, depende das Forças Armadas, o fez com respaldo da Força de onde é oriundo.
Seus arroubos em torno do fechamento do regime têm amparo nas fileiras. Fontes militares também manifestaram na tarde de hoje a insatisfação quanto ao tratamento dado pelo veículo às ações do general da ativa, Eduardo Pazuello, no comando do ministério da Saúde. Os colegas resistem em reconhecer suas falhas e veem nas críticas veiculadas na mídia um ataque ao Exército, cuja imagem querem preservar. Não entendem que ao permitir a interligação entre a caserna e o Palácio do Planalto, como vasos comunicantes, eles, sim, puxam para si as trapalhadas do ministro, levando o resultado dos seus erros para dentro do quartel.
“Incumbiu-me o Senhor Comandante do Exército Brasileiro de expressar indignação e o mais veemente repúdio ao texto de autoria de Luiz Fernando Vianna, publicado nesse veículo de imprensa em 17 de janeiro de 2021. A argumentação apresentada pelo articulista revela ignorância histórica e irresponsabilidade, não compatíveis com o exercício da atividade jornalística. Atribuir a morte de brasileiros a uma Instituição de Estado, cuja história se confunde com a da própria Nação, nas lutas pela manutenção de sua integridade, caracteriza comportamento leviano e possivelmente criminoso”.
O tom empregado por Nunes, como se pode conferir, nada tem de sutil ou cordial. A nota é dura na defesa do Exército, acusa o articulista de “sentimento de ódio” e apela para uma liberdade de expressão que não preservam, quando se voltam contra a opinião de um jornalista, no exercício da profissão.
“Afirmações dessa natureza, motivadas por sentimento de ódio e pelo desprezo pelos fatos, além de temerárias, atentam contra a própria liberdade de imprensa, um dos esteios da democracia, pela qual o Exército combateu nos campos de batalha da II Guerra Mundial e por cuja preservação tem se notabilizado em missões de paz em todos os continentes. Cabe ressaltar que, durante a pandemia, o Exército, junto às demais Forças Armadas e a diversas agências, tem-se empenhado exatamente em preservar vidas”, escreveu o general.
Leia aqui o artigo do jornalista da Revista Época que motivou a carta do Comando do Exército:
https://epoca.globo.com/artigo-na-pandemia-exercito-volta-matar-brasileiros-24842973
(Confira o documento do general Richard Nunes, na íntegra):