Outra ingratidão de Jair Messias
Jair Messias vetou o ingresso da doutora Nise da Silveira no panteão dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Tremenda ingratidão. Se fosse tratado de seu desequilíbrio pelos métodos antigos, Jair Messias padeceria no inferno.
Lá pelos anos 1940 a doutora Nise começou a lutar contra os métodos tremendamente agressivos que eram aplicados contra pacientes com transtornos mentais.
Ela era contra eletrochoques e outras crueldades praticadas nos doentes. Lobotomia, camisa de força, isolamento em hospícios, essas coisas brutais.
Defendia métodos mais humanos, como as artes, principalmente a pintura e os desenhos, além do convívio com cães e gatos, como a melhor forma de extravasar – e tratar – os transtornos mentais.
Sua labuta deu certo e foi reconhecida mundo afora.
Para quem gosta de citar grandes nomes, o suíço Carl Jung foi um dos que apoiou – e apostou – nos métodos da doutora Nise.
Portanto, nada mais natural que o Senado brasileiro decidisse prestar uma homenagem a ela.
E, também portanto, nada mais natural que Jair Messias decidisse rejeitar essa homenagem. Vetar, pois. Afinal, além de humanista a doutora Nise era de esquerda.
Só que essa ingratidão é mais que evidente.
Após perder as eleições, Jair Messias será levado aos tribunais. E é bem possível que, além de ser considerado culpado, ele seja considerado inimputável, por desvio de conduta, e mandado para receber tratamento adequado.
Se não fosse a doutora Nise, o seu destino seria a lobotomia, a camisa de força, os eletrochoques e por aí vai.
De que Jair Messias é um exemplo claro e palpável de transtorno mental não restam dúvidas.
Resta saber se ele, ao perder a imunidade e ser levado aos tribunais, será ou não condenado a ser submetido a tudo aquilo que a doutora Nise condenava, a começar pelos eletrochoques.