Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/YouTube)

Na bola, Lula não perde. Mas o bolsonarismo é jogo sujo

18 de outubro de 2022, 17:21

O jornalista Ricardo Noblat diz em seu blog que não será surpresa alguma para ele se Bolsonaro se reeleger. Infelizmente, por mais desastrosa que esta possibilidade venha a ser, não tiremos da cabeça que isto pode ocorrer. Não seria em circunstâncias normais. A esta altura do processo eleitoral e com as pesquisas de intenção de voto demonstrando um estável favoritismo de Lula, devemos ter cuidado com tudo pode vir por aí.

Estamos brigando não contra um candidato, contra um partido, contra uma coligação. A luta de quem pretende ver o Brasil novamente na normalidade democrática é contra o bolsonarismo, hoje a mais perigosa facção de crime organizado em nosso país.

Tudo no bolsonarismo remete à mutreta, à desconfiança e à perplexidade. Tudo pode acontecer quando essas mentes diabólicas se unem para trabalhar pelo mal. Se vivemos hoje a plenitude desse movimento odioso e maligno, não esqueçamos que a virada para essa sucursal do inferno aconteceu em 2018, numa eleição como esta. Eleição que se ganhou na malícia com chicanas jurídicas que tiraram do páreo o candidato que as pesquisas davam como franco favorito. Sem coincidência, o adversário deles era o mesmo de hoje.

Foi preciso que um esquema jurídico suspeito conseguisse a prisão de Lula para que o caminho ficasse relativamente livre para o candidato preferido do juiz encarregado da trama. Não por acaso, o mesmo juiz que, com a eleição do apadrinhado, tornou-se ministro da Justiça. Depois, esse juiz de lavajato fingiu brigar com o seu presidente, saiu falando mal do governo, conseguiu com isto se eleger senador, mas logo voltaria na condição de coach do hoje candidato à reeleição.

Voltando a 2018, com Lula apeado da corrida presidencial e com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad como candidato pelo PT, Bolsonaro fez de tudo para melar a disputa. Começando por fugir dos debates, ajudado aí por um “atentado” até hoje mal explicado que o deixou de fora da vitrine e presente só e fartamente na mídia e nas fake news.

Transcorrido um mandato de trevas, o atual e inadequado presidente da República cumpriu tudo o que prometeu. Mentiu, perseguiu, armou os aliados, fez um governo para uma horda fanática e do mal. Com ele à frente de um esquema monstruoso de omissão e incompetência, o país chorou quase 700 mil vidas perdidas com a pandemia do Covid-19. Responsável direto pela tragédia, o presidente zombou dos mortos e das famílias destes, posou de garoto propaganda de remédio ineficaz, seus apaniguados tentaram ganhar uma fábula com esquema de compra de vacina superfaturada, escândalo que a CPI da Pandemia conseguiu impedir.

Em todos os setores, ele cumpriu com sua palavra e tornou-se o pior governante que o país já teve. Da Educação ao Meio Ambiente, trágico. Da Cultura às políticas sociais, desastroso. Da Economia à Ciência, deplorável. Em pensamentos, palavras e atos, desrespeitoso, mentiroso e institucionalmente perigoso. Trocou a Democracia por pelo bolsonarismo, um misto de política do Centrão com fanatismo religioso e negacionismo científico, que tornou-se um movimento bizarramente consolidado diante de um país perplexo.

Desse modo, não vamos dormir sobre os números das pesquisas. São números expressivos, um deles, particularmente importante. Segundo o Ipec, 93% do eleitorado têm certeza do voto. Em um quadro onde Lula teria hoje 54% dos votos válidos contra 46% do concorrente, isto é favoritismo, sim.

Esses números mostram que, na bola, Lula dificilmente perderá. Mas, não estamos disputando com quem joga limpo, com a habilidade nos pés e com o regulamento debaixo do braço. O jogo com esse povo é duro e é sujo. Olho vivo e toda cautela. Do outro lado está o bolsonarismo para quem a Lei, a Democracia e a decência são meras figuras de retórica.

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Escrito por:

Jornalista e compositor, com passagem por veículos como o Jornal do Commercio (PE) e as sucursais de O Globo, Jornal do Brasil e Abril/Veja. Teve colunas no JC, onde foi editor de Política e Informática, além de Gerente Executivo do portal do Sistema JC. Foi comentarista político da TV Globo NE e correspondente da Rádio suíça Internacional no Recife. Pelo JC, ganhou 3 Prêmios Esso. Como publicitário e assessor, atuou em diversas campanhas políticas, desde 1982. Foi secretário municipal de Comunicação. Como escritor tem dois livros publicados: "Bodas de Frevo", com a trajetória do grupo musical Quinteto Violado; e "Onde Está Meu Filho?", em coautoria, com a saga da família de Fernando Santa Cruz, preso e desaparecido político desde 1973. Como compositor tem dois CDs autorais e possui gravações em outros 27 CDs, além de um acervo de mais de 360 canções com mais de 40 músicos parceiros.

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