Michel Temer (Foto: Alan Santos/PR)

Michel se coloca para receber bola espirrada por Rodrigo Pacheco

25 de novembro de 2023, 20:09

Só faltava ele. O ex-vice-presidente, Michel Temer (MDB), a se meter na questão escaldante, da proposta de emenda à Constituição (PEC), que colocou limite nas ações do Supremo Tribunal Federal.  

Durante evento em São Paulo, em que esteve ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nesta sexta-feira, 24/11, ele disse que a PEC aprovada pelo Senado não é motivo de conflitos entre o Congresso Nacional e a Corte e que ao Judiciário “cabe julgar”. A informação, publicada pela Isto É Dinheiro, acende o alerta para o quanto as atividades políticas estão se atropelando, em um cenário em que às elites importa embaralhar as cartas, apressar o passo e tentar passar 2026 à frente de 2024.

“Não há razão para essa conflitância que se alardeia, e ela se alardeia porque no Brasil se adotou o costume do uns contra os outros. Então, quando surge uma questão como essa, entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal, aplica-se a regra geral do uns contra outros e alardeia assim”, afirmou.

Na semana anterior o seu posicionamento era diferente: em outro evento, Michel disse que discordava da PEC, mas que o STF precisava fazer mudanças por conta própria. “Essa é uma matéria típica do regimento interno do Supremo. Ele já decidiu que os pedidos de vista não podem ultrapassar o prazo de 90 dias, e o regimento também poderia prever (uma limitação para) decisões monocráticas”, afirmou o ex-vice-presidente.

É possível que no jogo paroquial, das eleições municipais, o governo que tem implementado programas sociais em benefício das camadas carentes da população, saia em vantagem. O pleito, que poderia pavimentar caminho para um Congresso mais progressista nas eleições de 2026 e já sinalizar um cenário para a disputa presidencial – talvez apontando para vantagem de Lula ou o seu substituto -, é agora atropelado pela corrida dos “pavões”, de olhos compridos para se colocarem como opção. 

Foi isto, e apenas isto, o que fez o ex-vice, Michel sair de seus cuidados. Considerando a “vantagem” aberta por Rodrigo Pacheco – em conluio com Alcolumbre -, para abocanharem a presidência da casa onde ele não pode mais tentar se eleger, e sonhar com a candidatura em Minas Gerais, o seu estado, tenta empurrá-lo para algo maior. Quem sabe, a corrida à presidência? E, por que não, com ele na chapa, na sua eterna condição de vice? (Diga-se, da qual ele jamais poderia ter passado?).

Quando nasceu um anjo (?) gauche deve ter dito: “Vá, Michel, ser vice na vida!”. Ele, obediente, abraçou a missão e, esfregando as mãos, (já antevendo em mais um ano terminado em seis) um novo golpe, viu aí mais uma grande oportunidade de retornar. 

Esquece, no entanto, que até lá terá 85 anos. Sem querer praticar o etarismo, devo lembrar que com a idade já avançada para se meter em mais essa aventura.

Escrito por:

Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia

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