Jair Bolsonaro e Marcelo Crivella (Foto: Marcos Corrêa – PR)

Marcelo Crivella? Logo ele?

8 de junho de 2021, 12:20

Seria apenas mais uma das aberrações expelidas pela boca de Jair Messias se não fosse também uma clara mostra da irremediável falta de noção de quem preside – e destroça – este nosso pobre país.

Ao indicar para o governo da África do Sul o nome do mercador da fé e da miséria alheia, o autonomeado bispo evangélico Marcelo Crivella, como embaixador do Brasil, Jair Messias humilha, de novo, o outrora valioso Itamaraty. Isola ainda mais o país no cenário mundial, humilha a África do Sul. E se humilha, coisa que parece não merecer atenção alguma de parte dele, cuja relação com a realidade é semelhante à sua relação com a opinião alheia: não existe.

O africano país tem uma economia sólida e pujante, e integra o bloco que Jair Messias insiste em ignorar, o Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul).  

Este isolamento do Brasil no mundo começou nos tempos de Ernesto Araújo como ministro das Aberrações Exteriores, e não deixou de se perpetuar, já que não existe esforço algum para reverter esse quadro.

Só que agora Jair Messias foi longe demais. Crivella traz no currículo uma absurda passagem pelo governo de Dilma Rousseff, quando ocupou o ministério da Pesca e Agricultura – sendo que tudo que ele sabe de pesca é pescar o dinheiro dos desesperados, e de plantar, só divinas boçalidades.

Depois foi senador e prefeito da cidade do Rio de Janeiro, que deixou literalmente em escombros. Não pode nem mesmo passar o cargo ao vice que o substituiu, pois foi levado preso.

Por onde passou, deixou um rastro de irregularidades e de sumiço de verbas públicas. Por isso foi parar no xilindró.  

Candidato de novo, graças a ter sido posto em liberdade pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, levou uma sova de votos de Eduardo Paes.

Jair Messias já quis indicar seu filho Eduardo, o mais patético e atabalhoado integrante do clã familiar, para a embaixada do Brasil em Washington. Foi demovido de semelhante maluquice a tempo.  

Agora, ninguém foi capaz de convencer o presidente do tamanho do absurdo da sua iniciativa.

Pois bem: como recordou Lauro Jardim no “O Globo”, tudo indica que não tem como Crivella tomar posse. Nem se o seu nome for aprovado pelo governo da África do Sul e passar na sabatina do Senado.  

Ele está proibido de sair do país. Seu passaporte foi apreendido.

Será que não havia ninguém para advertir Jair Messias?

Supondo, porém, que a Justiça volte atrás, libere o mercador da fé alheia e devolva a ele seu passaporte, aí sim, o Brasil estará dando mais um – e avançado – passo rumo ao lodaçal do mundo.  

Nada mais exemplar, aliás, que os desastres provocados pelo Genocida.  

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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