André Mendonça e Jair Bolsonaro (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado | Fellipe Sampaio/SCO/STF | Alan Santos/PR)

Mais tensão?

13 de dezembro de 2021, 17:22

Dia 16 de dezembro de 2021 marcará a posse do terrivelmente evangélico André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal.

Aliás, além de evangélico o doutor Mendonça se mostrou também terrivelmente cínico. Assim que teve seu nome aprovado tornou a ser o que sempre foi. Surpresa? Que nada. Ter seu nome aprovado apenas confirma que temos o pior e mais perigoso Congresso desde a redemocratização.

Como é que senadores caíram na esparrela daquelas declarações sensatas e equilibradas? As comemorações com a saltitante primeira-dama foram apenas o começo de um longo e robusto desfile de gratidões a exploradores da fé e da miséria alheia autonomeados bispos e pastores. A presença de alguns dos mais abjetos mercadores da fé foi confirmada.

Também é aguardada a presença do terrivelmente desequilibrado Jair Messias. E aí vem a grande dúvida.

Para entrar no prédio do STF é preciso mostrar comprovante de vacina ou então um teste de resultado negativo feito até 72 horas antes. Ou seja, nos três próximos dias. A regra vale para todos.

Jair Messias se gaba de não ter sido vacinado. Como ele mente compulsivamente, pode até que tenha levado vacina. Mas daí a mostrar o comprovante há um oceano de distância.

O autonomeado bispo Silas Malafaia, figura para lá de abjeta, é outro convidado especial do terrivelmente cínico André Mendonça. Vai mostrar comprovante de vacina?

O terrivelmente genocida e o terrivelmente abjeto vão fazer o teste?

Será que Jair Messias vai tentar se impor na marra, pois macho que é macho não aceita coleira?

Desequilibrado sem remédio, é bem capaz que Jair Messias crie outra guerra aberta com a instância máxima da Justiça no Brasil.  

Leio aqui e acolá que seus auxiliares mais próximos e influentes tratam de convencer o chefe a fazer o tal teste.

Acontece que, sabemos todos, a palavra final não vem de nenhum desses auxiliares, mas dos filhotes presidenciais. E, dos quatro, o mais poderoso junto ao pai parece justamente ser o mais desequilibrado deles, aquele vereador do Rio de Janeiro que mora em Brasília, um tal de Carluxo.  

Tudo isso seria apenas ridículo e grotesco se não fosse também um retrato exato do que vive este pobre e desgraçado país.

Se realmente o terrivelmente genocida resolver peitar o Supremo na posse do seu terrivelmente cínico protegido, é impossível saber o que acontecerá. Uma crise inédita, sem precedentes desde a ditadura militar, ou uma nova sabujice da mesma corte suprema que em 2018 se encolheu quando o então terrivelmente falante e hoje em dia arfante general Villas Boas, comandante-geral do Exército na época, mandou negar o habeas corpus pedido por Lula?

Graças a esse militar do Exército Lula foi preso e Jair Messias pode, contando com o amplo apoio dos meios hegemônicos de comunicação e dos donos do dinheiro, ser eleito.

Haja o que houver, tudo isso teria sido evitado se o país tivesse um presidente minimamente equilibrado.  

Mas não: o que está aí vive apenas para causar mais e mais tensão, enquanto o Brasil afunda em fome, miséria e devastação.  

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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