Mais tensão?
Dia 16 de dezembro de 2021 marcará a posse do terrivelmente evangélico André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal.
Aliás, além de evangélico o doutor Mendonça se mostrou também terrivelmente cínico. Assim que teve seu nome aprovado tornou a ser o que sempre foi. Surpresa? Que nada. Ter seu nome aprovado apenas confirma que temos o pior e mais perigoso Congresso desde a redemocratização.
Como é que senadores caíram na esparrela daquelas declarações sensatas e equilibradas? As comemorações com a saltitante primeira-dama foram apenas o começo de um longo e robusto desfile de gratidões a exploradores da fé e da miséria alheia autonomeados bispos e pastores. A presença de alguns dos mais abjetos mercadores da fé foi confirmada.
Também é aguardada a presença do terrivelmente desequilibrado Jair Messias. E aí vem a grande dúvida.
Para entrar no prédio do STF é preciso mostrar comprovante de vacina ou então um teste de resultado negativo feito até 72 horas antes. Ou seja, nos três próximos dias. A regra vale para todos.
Jair Messias se gaba de não ter sido vacinado. Como ele mente compulsivamente, pode até que tenha levado vacina. Mas daí a mostrar o comprovante há um oceano de distância.
O autonomeado bispo Silas Malafaia, figura para lá de abjeta, é outro convidado especial do terrivelmente cínico André Mendonça. Vai mostrar comprovante de vacina?
O terrivelmente genocida e o terrivelmente abjeto vão fazer o teste?
Será que Jair Messias vai tentar se impor na marra, pois macho que é macho não aceita coleira?
Desequilibrado sem remédio, é bem capaz que Jair Messias crie outra guerra aberta com a instância máxima da Justiça no Brasil.
Leio aqui e acolá que seus auxiliares mais próximos e influentes tratam de convencer o chefe a fazer o tal teste.
Acontece que, sabemos todos, a palavra final não vem de nenhum desses auxiliares, mas dos filhotes presidenciais. E, dos quatro, o mais poderoso junto ao pai parece justamente ser o mais desequilibrado deles, aquele vereador do Rio de Janeiro que mora em Brasília, um tal de Carluxo.
Tudo isso seria apenas ridículo e grotesco se não fosse também um retrato exato do que vive este pobre e desgraçado país.
Se realmente o terrivelmente genocida resolver peitar o Supremo na posse do seu terrivelmente cínico protegido, é impossível saber o que acontecerá. Uma crise inédita, sem precedentes desde a ditadura militar, ou uma nova sabujice da mesma corte suprema que em 2018 se encolheu quando o então terrivelmente falante e hoje em dia arfante general Villas Boas, comandante-geral do Exército na época, mandou negar o habeas corpus pedido por Lula?
Graças a esse militar do Exército Lula foi preso e Jair Messias pode, contando com o amplo apoio dos meios hegemônicos de comunicação e dos donos do dinheiro, ser eleito.
Haja o que houver, tudo isso teria sido evitado se o país tivesse um presidente minimamente equilibrado.
Mas não: o que está aí vive apenas para causar mais e mais tensão, enquanto o Brasil afunda em fome, miséria e devastação.