Haddad, o mágico e o equilibrista
A aprovação do requerimento de urgência do Arcabouço Fiscal foi comemorada como uma grande vitória de Fernando Haddad e de Arthur Lira.
Na realidade, mais uma vitória do presidente da Câmara, que provou ter o controle do plenário, do que do ministro da Fazenda, que teve méritos na elaboração do projeto.
De qualquer maneira, esse arcabouço está longe de ser o que Lula gostaria, para alavancar o desenvolvimento econômico do país; mas foi o possível no quadro atual do nosso parlamento. Mesmo criticado por parte da bancada petista, Fernando Haddad demostrou capacidade para se equilibrar na corda bamba, entre os progressistas do seu partido e os deputados da direita conservadora.
Como um mágico, Haddad tirou da cartola um crescimento real de 2,5% no gasto, seja lá qual for a receita. Com isso, o aumento real das despesas ficará em torno de 70% do incremento das receitas, acima da inflação. Ao mesmo tempo, conseguiu incorporar parte das concessões impostas pelo mercado financeiro e defendidas com fidelidade canina pela mídia corporativa.
Aos poucos, o governo Lula começa a organizar o legado de terra arrasada generalizada, deixado pelo governo passado. Aqui, em especial, aponto o aspecto da economia, lançada à bancarrota institucional e social, após o nefasto período Paulo Guedes. Depois de aprovada a urgência do marco fiscal, o foco se concentra mais uma vez na política de juros do Banco Central, comandado por seu presidente, terrivelmente defensor do mercado e dos rentistas, Roberto Campos Neto.
Na última quarta-feira (17/05), o ministro da Fazenda afirmou que com arcabouço fiscal e a reforma tributária, o Brasil entra numa trajetória de crescimento acima da média mundial. Para isto, contudo, conta com a boa vontade de Campos Neto: “Se a Fazenda se harmonizar com o Banco Central, nós vamos chegar muito mais rápido do que a gente pensa a essa trajetória de sucesso”, prevê Haddad.
A questão que se coloca para o Ministro e para todos nós, é saber qual a ideia de sucesso para o afilhado de Paulo Guedes. Aguardamos.