(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

General quatro estrelas, comandante do Coter quer organizações militares de elite sob seu poder

22 de agosto de 2023, 19:51

De acordo com um veículo especializado em temas militares, bem como a altamente comprometida com a ultradireita – a Rádio Jovem-Pan -, o general de quatro estrelas e comandante de Operações Terrestres (Coter), general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, sugeriu ao Alto Comando do Exército a criação de um comando “multidomínio” subordinando as organizações militares de elite da força, a um único general — a ele, o próprio Estevam Theophilo.

O cargo estratégico é o mesmo de onde Mauro Cid foi retirado antes mesmo de assumi-lo, a pedido do presidente Lula. A relutância em executar a ordem levou à demissão do general Júlio Arruda, recém-empossado – há apenas 21 dias na função – do cargo de comandante do Exército. O batalhão tem alto poder de agilidade e deslocamento, treinamento em táticas de guerrilhas e em cujas fileiras estão forças especiais, – como os kids pretos -, que segundo relatos e cenas de vídeos, atuaram juntamente com a horda dos terroristas para depredar os prédios dos três poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

De acordo com o artigo publicado hoje (22/08) o comandante do Coter propôs ao Alto Comando do Exército a centralização das organizações militares. A sugestão, que visa subordinar diversas tropas especializadas, como operações especiais, artilharia, defesa cibernética e comunicação, ao Coter, foi vista com desconfiança no Alto Comando. O que causa perplexidade, porém, é que a proposta, segundo se comenta nas fileiras, é apoiada pelo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva. Entre os oficiais que compõem o Alto Comando, gerou controvérsias, pois centraliza significativo poder nas mãos de um único general 4 estrelas.

Estevam é irmão de outro general, Guilherme Theophilo, ex-secretário de Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro e candidato derrotado ao governo do Ceará em 2022 pelo PSDB.

Ainda que não saia do papel, pensar em tal concentração de poder em um batalhão dessa natureza é altamente preocupante. Como não nos cansamos de dizer, a Hidra tem muitas cabeças. De uma delas, saiu essa ideia “genial”, num momento conturbado como esse. Custa a crer que o comandante Tomas Paiva tenha ao menos parado para considerá-la.

Escrito por:

Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia

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