Falando em cuspe, Netanyahu e seu chanceler fizeram da Palestina sua escarradeira de ódio e morte
Depois de quase 5 meses de ataques incessantes a Gaza e cerca de 30 mil civis indefesos executados covardemente por um dos exércitos mais modernos e altamente tecnológicos do mundo, o governo Biden fez o primeiro movimento em direção à paz. Ontem (19/02), tardiamente, os EUA apresentaram no Conselho de Segurança da ONU um projeto alternativo de resolução, pedindo um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza.
A ideia do governo dos EUA, coautor e cúmplice no genocídio do povo palestino, é conter a máquina mortífera de Benjamin Netanyahu, que pretende atacar Rafah, um pequeno povoado de passagem entre Gaza e o Egito. Ali, vivendo em tendas e em condições absolutamente precárias, estão abrigados um milhão e cem mil refugiados palestinos que se deslocaram para a região na tentativa desesperada de sobreviver ao bombardeio sanguinário comandado pelo líder de extremíssima direita do estado de Israel.
A questão que se coloca para o mundo que se diz “civilizado” é saber até quando os países ditos desenvolvidos se manterão inertes frente ao mais cruel genocídio praticado no século 21. Quem será o primeiro chefe de estado das chamadas potências ocidentais a se postar ao lado do presidente Lula na denúncia contra os crimes cometidos por Benjamin Netanyahu? Um déspota que pode e deve, sim, ser comparado aos piores da história, como Idi Amin Dada, Benito Mussolini e Augusto Pinochet.
Ao contrário do que diz a mídia corporativa do país, Lula sai ainda maior no enfrentamento com Netanyahu. Como líder mundial, se colocou desde o começo desse conflito como um pacifista. Não arredou um centímetro nas suas convicções, foi coerente. Aguentou firme a pressão exercida pelo governo estadunidense para que o Brasil apoiasse os ataques sanguinários de Netanyahu.
Na presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, em 17 de outubro de 2023, a diplomacia brasileira apresentou uma proposta de resolução para o conflito entre Israel e Palestina, em que condenava os ataques terroristas atrozes do Hamas contra Israel, pedia a libertação imediata dos reféns, a permissão para ações humanitárias e a revogação da ordem de retirada de civis do norte de Gaza. Uma proposta que, se aprovada, certamente reduziria significativamente o número de vítimas na Palestina. Contudo, a proposta foi devidamente vetada pelos Estados Unidos.
Lula nunca se apequenou na sua trajetória de líder sindical e político, nem quando foi perseguido e condenado injustamente. Sempre esteve ao lado dos mais pobres, dos miseráveis, dos vulneráveis, defendendo o direito à vida e à dignidade humana. Aos 78 anos de vida, Lula é, ao lado do Papa Francisco, uma das principais referências mundiais.
É respeitado e admirado em todo o planeta. Tanto que nenhum chefe de estado do mundo capitalista se atreveu a contestar a fala de Lula contra o genocídio praticado pelo chefe de governo de Israel. Lula entrou, definitivamente, para a galeria dos grandes líderes humanistas da história mundial.
Já Benjamin Netanyahu, certamente, terá seu nome inscrito na galeria dos déspotas, cujos nefastos atributos são a valorização do preconceito racial e da violência desmedida para impor seu poder ditatorial.
A curto prazo, Netanyahu é o grande perdedor, ele sabe disso e faz de tudo para se manter no poder. Aliás, até a crise com o governo brasileiro foi criada para recrudescer a narrativa do antissemitismo no mundo. A intenção é justificar a guerra e tirar o foco de si, da insatisfação coletiva com um governo impopular, autoritário, sobre o qual pesam acusações de corrupção e agora, por causa da guerra, tem sangrado a economia do país.
Segundo dados do Escritório Central de Estatísticas de Israel, a economia israelense registrou queda de 19,4% no 4º trimestre de 2023, por causa dos efeitos da guerra, sendo o impacto sentido mais fortemente nos gastos do consumidor, comércio e investimentos. Há uma clara percepção de que a continuidade do conflito que devasta corpos e economia, interessa aos planos de manutenção de poder de Netanyahu. Para além disto, o premier sofre protestos pela desatenção à situação dos reféns. Para os israelenses, está mais do que claro que as vidas desses reféns não têm um peso determinante nos planos do primeiro-ministro.
Diante desse quadro, o que Netanyahu está fazendo é usar a declaração do presidente Lula como um anteparo interno. A encenação populista e grosseira de convocar o embaixador brasileiro, Frederico Meyer a dar explicações sobre as declarações de Lula em público, diante da imprensa e dentro do museu do Holocausto, é bastante reveladora. Como é reveladora e grotesca a fala do ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, de que “Lula cuspiu na cara dos judeus brasileiros”!
Em entrevista ao Boa Noite 247, o historiador sionista Michel Gherman exaltou a importância de Lula como um pregador da Paz: “Quando Lula condena o ato terrorista do Hamas é porque ele não quer que as crianças israelenses sejam mortas, da mesma maneira que ele não quer que as crianças palestinas sejam mortas. Eu considero Lula uma pessoa fundamental para o mundo hoje”.