Eduardo Pazuello, o quase ex-ministro, pode ser transformado em “rei da selva”
Há mais que uma pororoca por vir, no cenário da Amazônia. O (mais ou menos) ministro Eduardo Pazuello, que anunciou nesta tarde sua permanência no cargo até a próxima quarta-feira, tenta ganhar tempo, pois talvez tenha um cabide à vista onde se pendurar. Na iminência de ficar no sereno, sujeito a ser preso por todos os erros e crimes contra a saúde da população, de que é acusado, caso perca o fórum privilegiado, Bolsonaro luta para torná-lo ministro “Extraordinário da Amazônia”. E este cargo existe? Perguntarão todos. Não.
As reuniões se sucedem, tanto no alto comando, quanto no Planalto. No alto comando, para discutir como as fileiras vão se livrar do incômodo personagem. Na ativa, ele contamina a imagem da Força, que terá de buscar um posto para o “retornado”.
No Planalto, as rodadas de conversa esbarram em ranger de dentes dos generais/ministros. Mesmo reformados, eles consideram que ele pode comprometer ainda mais a imagem das FAs e do governo, além de não verem no “colega”, as qualidades alardeadas e comprovadamente inexistentes, de quando chegou à pasta da Saúde como interino.
E a ala civil, então, não o quer nem pintado de ouro, pois estão ainda catando os cacos do estrago feito. Ao assumir a pasta da Saúde, em 16 de maio de 2020, o país contabilizava 233 mil casos e 15.633 mortes associadas à covid-19. Ao ser anunciada a sua demissão, o número de mortos batia a casa dos 280 mil, ou seja, estão na sua conta 260 mil vítimas da pandemia e de suas hesitações, omissões e trapalhadas. Diante das especulações e possibilidades, só temos a dizer para a fauna amazônica: “tremei!
Bolsonaro, por sua vez, tem todo o interesse em elevá-lo à condição de “rei da selva”. Primeiro, porque esvaziaria o vice/desafeto, Hamilton Mourão. Segundo, porque fortaleceria o clã dos Pazuello, no estado. Tudo pode sair daí, inclusive, nada, mas que Brasília está trepidante, sem dúvida.