É o jogo sujo da grande mídia para tirar Lula do lugar que é seu
Era mais que prevista a candidatura de Lula à Presidência da República e que o povo, por sua expressiva maioria, demonstraria sua vontade de devolver ao ex-presidente o cargo que é a cara dele, o de chefe da nação brasileira. Mais previsível que isto, só mesmo o papel a que se prestaria a imprensa dos grandes grupos da elite financeira, assim que o seu inimigo barbudo atingisse patamares para eles perigosos.
Estamos a nove meses das eleições e a grande mídia já fecundou o monstro que espera parir em outubro vindouro. Inviáveis, como têm se mostrado, as soluções arranjadas ou a terceira via empacada no gosto popular, o “bebê de Rosemary” pode nascer de situações que chegaram até mesmo a ser descartadas, inicialmente. Como é o caso da reeleição do projeto político que jogou o Brasil no fosso do fascismo, ninguém duvida. Para tirar Lula e o PT do páreo vai valer de tudo. Está valendo. O jogo sujo está em curso.
Os principais jornalões já arreganham os caninos. Bastou o pré-candidato petista e ex-presidente do Brasil mostrar que, mesmo com tudo o que sofreu em termos de perseguição e de fake news armadas pelos inimigos, manteve inabalável sua competitividade eleitoral, intocável o seu cartaz diante da população e ampliada a esperança no seu nome para a retomada de um país democrático, respeitado e sem fome. Imperdoável, na leitura política de O Globo, da Folha de S.Paulo e do Estadão, os que, até agora, assumem a “vanguarda do atraso”, expressão cunhada sabiamente pelo ex-deputado Fernando Lyra, lá no tempo do ronca.
O Globo, cujo grupo se vira e se revira entre a coragem e o medo de encarar o atual governo federal, declaradamente seu inimigo, tenta empinar uma terceira via e não consegue. Oposição incondicional a Lula e ao partido dele, seja em que instância for, o grupo dos Marinho tomou, nos últimos dois anos, posição contrária ao bolsonarismo e seus gestores, sobretudo na crise da pandemia. Sobretudo a TV Globo que, pelos editoriais antigoverno negacionista e pela linha em muitas noites do Jornal Nacional, chegou a passar a breve impressão de confiabilidade aos olhos e ouvidos do público. Mas foi só a pré-campanha eleitoral e o JN começar a dizer ao que realmente veio e a dar sinais do seu papel nesse 2022 velho de guerra. Aqui neste Brasil 247, a colunista Hildegard Angel deu o alerta: o Globo se vale do pré-candidato Ciro Gomes, estagnado em seus 3% de preferência, para atacar o candidato petista. Vai por aí.
A Folha, com seu racismo estrutural – ou será reverso? – não faz, nem nunca fez, questão de esconder suas reais intenções quando o assunto é eleição. “Hay gobierno do PT, soy contra”. É o lema histórico do jornal paulista. Não será diferente este ano.
E tem o Estadão que aparece como o mais escancarado dos jornais nesta corrida inicial rumo à derrocada de Lula. Em termos de linha editorial retrógrada e compromisso com a elite econômica brasileira, a posição do Estado de São Paulo é quase que um lema. A um ano das eleições de 2022, o velho jornal mudou sua direção jornalística e abriu espaço ainda maior para o conteúdo de credibilidade duvidosa.
Os três jornais foram artífices do golpe de 2016. Sabe-se lá o que, agora, vem por aí.