Braga Netto e Jair Bolsonaro (Foto: Agência Brasil)

Depois de Braga Netto, falta o elo empresarial do bolsonarismo

1 de novembro de 2023, 19:35

Se for compartimentada, a estrutura do bolsonarismo estará bem representada pelos personagens alcançados até agora pelo sistema de Justiça. Mas está faltando, além do núcleo dos grandes chefes, um elo decisivo para o desmonte das bases do fascismo pós-2018.

Os instrumentadores, os operadores, os ‘ajudadores’, os prestativos, os financiadores dos níveis intermediários, os manés e os terroristas. Todos têm representantes enquadrados.

Já foram presos, muitos foram indiciados e já há condenados a até 17 anos de cadeia, quase todos por envolvimento com o golpe tabajara de 8 de janeiro.

Braga Netto, condenado pelo TSE e tornado inelegível, não foi alcançado por participação no golpismo, mas pelo uso ilegal da estrutura de Estado para propaganda de campanha no 7 de setembro.

O que importa é que chegaram nele. Foi tornado inelegível, está avariado e teve o projeto político adiado e possivelmente destruído.

Braga Netto é o primeiro general punido pela proximidade com Bolsonaro e pelo protagonismo no esquema de poder militar que tutelava o tenente.

Agora, falta pegar o elo empresarial. Não o elo dos financiadores de ônibus, lanches e banheiros químicos dos acampamentos de Brasília que prepararam a invasão.

Não o ‘financiador’ preso na semana passada e que se apresentava em vídeos, apesar de ser civil, como se fosse militar. Não os laranjas usados por grandes empresários para ratear o dinheiro graúdo, fracionar os cachês e passar adiante aos manés.

Não são esses manezinhos a base da estrutura empresarial golpista de Bolsonaro. Não são os Zés das Couves de Sorocaba os que movimentaram frotas de caminhões para o bloqueio de estradas.

Não estão entre esses financiadores de mirréis os que vinham patrocinando o gabinete do ódio, desde a disseminação de mensagens em massa da eleição de 2018.

Esses do dinheirinho são tico-ticos dos viveiros bolsonaristas. Falta pegar os periquitos de grande porte, e Alexandre de Moraes sabe quem são eles.

Falta chegar em quem conseguiu levar mais de 5 mil manés para os acampamentos na Capitania dos Portos de Itajaí. Uma turba que transformou em imundície fétida uma área nobre da cidade.

Falta enquadrar o cara do dinheiro que esteve com Bolsonaro até a eleição e depois se recolheu. Alguns saltaram fora, abandonaram o sujeito e agora acenam para Lula, mas não deixaram de ser golpistas.

Esse é o elo ainda impune, mesmo que sob investigação. Pegaram a base operacional do golpe, mas não pegaram ainda a turma do lastro financeiro e ideológico, que deu sustentação às ações de massa da extrema direita, analógicas e virtuais, principalmente nas médias e pequenas cidades do sudeste para baixo.

Ainda estão impunes os patrocinadores e operadores da tentativa de parar o país com as estradas bloqueadas. Não são apenas os caminhoneiros avulsos, são donos de frotas de caminhões de grandes empresas.

Esse é o elo ainda impune, mesmo que sob investigação. Pegaram a base operacional do golpe, mas não pegaram ainda a turma do lastro financeiro e ideológico, que deu sustentação às ações de massa da extrema direita, analógicas e virtuais, principalmente nas médias e pequenas cidades do sudeste para baixo.

Ainda estão impunes os patrocinadores e operadores da tentativa de parar o país com as estradas bloqueadas. Não são apenas os caminhoneiros avulsos, são donos de frotas de caminhões de grandes empresas.

Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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