
Delegada da PF mandou recado à família Bolsonaro e seus amigos
O relatório da delegada Denisse Ribeiro, da Polícia Federal, encaminhado a Alexandre de Moraes com informações sobre as fake news tem duas novidades a partir de uma informação antiga.
A informação velha é esta: a fábrica de notícias falsas, ataques, dossiês e difamações funciona, com todas as engrenagens, dentro do Palácio do Planalto. Nada de novo.
A partir dessa informação emergem as duas principais notícias. A primeira salta de dentro do relatório: atitudes suspeitas ou criminosas de Bolsonaro têm conexão “e semelhança no modo de agir” com o núcleo das fake news e possivelmente por este são abastecidas. Bolsonaro está no esquema.
A segunda informação não faz parte do conteúdo do despacho. É o alerta produzido pela própria atitude da delegada ao alcançar o documento a Moraes.
A investigadora está dizendo oficialmente pela primeira vez, em comunicado ao relator do inquérito, com base no que apurou até agora, que a PF sabe que a fábrica está dentro do poder e certamente com o conhecimento de Bolsonaro.
A delegada diz para que todos saibam: a PF avisa ao Supremo e a quem interessar que a produção, o financiamento e a disseminação de fake news são parte da estrutura de poder.
Não se trata de uma engrenagem paralela, como muitas que se formam em escaninhos de governos. É uma estrutura orgânica, da lógica do bolsonarismo, no ventre do Planalto.
Não é a imprensa que diz, é a polícia. A partir daí, podemos concluir, mesmo que muito mais não se saiba ainda, que a PF já tem elementos para apontar Bolsonaro, os filhos e o entorno como mantenedores de um esquema que ocupa salas, com equipamentos e gente do governo.
É uma estrutura física, com servidores pagos pelo setor público, fincada no palácio. A facção das fake news é um apêndice grudado à administração.
E aí alguém pode perguntar: mas qual é a novidade disso, se a imprensa já lidou muito com essas evidências?
A novidade é que os indícios aparecem em investigações e agora num documento da Polícia Federal, levado ao conhecimento do ministro Alexandre de Moraes, quase que como um recado, mesmo que involuntário.
A PF está advertindo que as investigações chegaram a Bolsonaro, aos amigos e a outros que são próximos deles.
E quem são e quantos são, além dos já conhecidos? É o que saberemos mais adiante, quando for desvendando o esquema de operação e de financiamento do gabinete de gestão e das suas milícias digitais.
A perda a lamentar é que a delegada se retira do inquérito para desfrutar de licença maternidade. Claro que vamos desejar um bom período de licença à servidora, a mesma que já havia apontado o crime de Bolsonaro no vazamento de inquérito da PF sobre o ataque hacker ao TSE.
Fica a apreensão em relação ao andamento das sindicâncias, mesmo que Alexandre de Moraes já tenha dado sinais de que não irá afrouxar na condução dos inquéritos que têm a família no centro das investigações.
Desejamos saúde à delegada e ao seu bebê. E que o seu substituto continue o que vem sendo feito. Os Bolsonaros não podem se sentir confortáveis com o afastamento da delegada.