
Capital financeiro está por trás do caso da “dama do tráfico” para enfraquecer Lula no STF
Há mais coisas por trás do caso de assédio moral acionado por jornalistas do Estadão contra a editora de Política e diretora da Sucursal de Brasília, Andreza Matais. Os jornalistas que moveram a ação, ainda incógnitos, procuram abrir um novo capítulo na história das relações entre profissionais da mídia e seus patrões. Denunciam manipulação das notícias, operada com ameaças, por Matais, a serviço da direção do Estadão. Além disso, solicitam uma decisão judicial que “interrompa as ameaças, o assédio, os abusos e as violações contra os trabalhadores, para que busque reparações coletivas pelos danos morais coletivos infligidos aos trabalhadores e aos leitores, e para que proíba a gestão do jornal de cometer novas ameaças e ilegalidades”.
Na prática, o movimento dos jornalistas quer o fim do tratamento exercido pela diretora para impor uma narrativa que procura insinuar relações do Ministério da Justica com o crime organizado. Em diversas reportagens, o jornal confere importância ao relacionamento do Ministério da Justiça com aquela que a publicação resolveu denominar, de maneira publicitária e sensacionalista de “dama do tráfico”.
Na verdade, o Estadão inventou um escândalo para influenciar a indicação do preferido do presidente Lula ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga aberta pela aposentadoria da ministra Rosa Weber.
O exagero em torno das visitas daquela que o jornal denominou, publicitariamente, como sendo a “dama do tráfico” ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública visou fulminar a candidatura de Flavio Dino, titular daquela pasta, ao STF.
O principal beneficiário seria o maior concorrente de Dino para o posto, o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União.
Querem desconstruir Dino por ele ser o mais notório, erudito e destemido debatedor do país. Em qualquer embate, ele é o mais eficaz para demolir as artimanhas de seus adversários da direita. No Supremo ele seria (será?) instrumental para bloquear golpes e retrocessos de todo tipo. Entre esses expedientes estariam inclusive os privilégios e exceções perseguidos pelos “amigos da casa” do Estadão.
Não é a primeira vez que a editora de Política, casada com um membro da direção do Cidadania, publica notícias falsas ou tenta intrigar uma gestão lulista.
Mas isso não é o que está em questão em última análise neste imbróglio. Não é o caso de dar tanta atenção aos empregados. O que importa é o jogo de quem está mais acima.
Como se sabe, a comunicação no Brasil tornou-se cada vez mais um campo dominado pelo capital financeiro.
O Estadão não foge à tendência. Membros da família Mesquita, os antigos proprietários, ainda assinam o expediente do jornal. Eles já não são, porém, os reais donos, ao contrário do que ocorria com seus antecessores ao longo do século passado.
Os verdadeiros controladores do Estadão são o consórcio do capital financeiro credor do falido grupo de comunicação. São eles que parecem ter interesse em promover a candidatura de Bruno Dantas ao Supremo Tribunal Federal. Há aí uma ambição posterior, a de fragilizar a posição do presidente Lula naquela corte, preparando o caminho para embates futuros. Neste caso, por trás da invenção do caso da “dama do tráfico” estaria o intento de instituições financeiras de aplainar a estrada para Bruno Dantas ou esburacar o caminho de Flavio Dino. A intenção verdadeira é sabotar Lula. Além de decidir as principais causas, é o Supremo que comanda processos de impeachment do presidente da República.