(Foto: Reuters)

Brasil com choro e com ranger de dentes

4 de outubro de 2022, 22:10

O que será da vida dos miúdos, dos jovens, da próxima geração do Brasil se este atual governo se perpetuar por décadas, como é o projeto não só de Bolsonaro como de todo o seu entorno? 

Que outro Presidente da Nova República veio com tal voracidade para “sentar praça” para sempre na Capital Federal? A primeira providência de todos os filhos de Bolsonaro foi cada um comprar sua mansão para lá  se estabelecer com mulher, filhos, sogros, sogras. Até ex-mulher já está devidamente refestelada em mansão. Sem falar nos agregados. Praticamente todos ministros, ex-ministros, assessores e militares acessórios se candidataram a cargos federais para permanecer em Brasília.

Isso é inédito. Jamais houve. Os filhos de Sarney permaneceram no Maranhão, assim como ele próprio. Os de Collor, no Rio de Janeiro. A família de Tancredo continua em Minas. As de Fernando Henrique, de Lula, Dilma, todas em seus estados de origem. 

Indo mais atrás, as famílias de JK, de Jango e até as dos ditadores não se aboletaram em Brasília num projeto de “poder para sempre”, desconsiderando o rodízio próprio da Democracia, como fazem agora os Bolsonaro e toda a sua entourage de até então ilustres desconhecidos da política. Todos aferroados ao poder, a cargos, a altos salários e benefícios, que pretendem sejam perpétuos.

Isso não pode ocorrer. Seria uma catástrofe democrática, praticamente irremovível. Ou, como prefere nosso chefe de estado, praticamente “imbrochavel”.

A fúria e a gana com que se lançaram sobre o poder são as de uma nuvem de gafanhotos multiplicada por 7 –  “As 7 pragas do Egito”, como dizem, e que na verdade foram dez.

Esta é a motivação de nossa luta: não permitir que o país seja entregue a um tirano, que se perpetuaria no poder com seu projeto de fome, morte, retrocesso. 

Um estado religioso fundamentalista, um estado medieval pré-renascimento com aversão à cultura e às pesquisas científicas. Sem SUS, sem Petrobras, sem universidades públicas, sem soberania, sem alegria, sem samba, sem carnaval, sem diversidade, sem risos, sem felicidade. 

Um país com ricos-ostentação sem compaixão, fazendo fila pra comprar jatos luxuosos, e com uma imensidão de pobres sem nome, sem rosto, sem esperança, sem prosperar, sem futuro. Pobres roedores de ossos.

País das armas, dos feminicídios, do ódio institucionalizado, sem transparência, sem uma Polícia Federal Independente. E com muita corrupção não investigada, não punida, não noticiada.

Sem árvores nem flores, pio de passarinho, riso de criança, gargalhada de cachoeira: Brasil sufocado pela fumaça das queimadas. Sem oxigênio. Para o povo, apenas choro e ranger de dentes.

Contra isso nos debatemos, lutamos, até a última gota de nossa energia, o último som de nossa garganta, a última inspiração de nossas almas, a ultima fibra de nossa coragem. O último sopro de nossos suspiros.

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Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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