Bolsonaro esticando a corda
Apesar das constantes ameaças antidemocráticas e inconstitucionais de fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional feitas por apoiadores do governo, pelos filhos de Bolsonaro e por ele próprio, o general da ativa e ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que é ultrajante falar em golpe por parte das Forças Armadas. Mas, na mesma entrevista para uma conhecida revista de direita, o general não conteve suas convicções autoritárias ao dizer: “Não estica a corda”.
O recado estava dado. As Forças Armadas não aceitarão a condenação de Bolsonaro em qualquer julgamento por possíveis crimes cometidos pelo chefe da Nação. O que mais preocupa o Planalto neste momento é o julgamento que corre no TSE de crime eleitoral cometido pela chapa Bolsonaro/Mourão por fake news utilizadas na campanha de 2018.
Infelizmente, tenho que concordar com o general Ramos: não existe a menor possibilidade de golpe, porque ele já foi dado no dia 31 de agosto de 2016 na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele dia, parlamentares, com apoio do Supremo, da mídia corporativa e de setores reacionários da Justiça e da sociedade civil rasgaram a Constituição ao afastar a chefe de Estado sem crime de responsabilidade.
A chegada das Forças Armadas ao poder junto com Bolsonaro é apenas a concretização deste golpe contra a nossa Constituição.
O cabo de guerra que consiste em esticar a corta tem, na ponta liderada por Bolsonaro, não só oficiais do Exército, mas também policiais das PMs e milicianos. A cada alavanco dado por este grupo, chegamos mais próximos da linha tênue que separa os alicerces combalidos do Estado Democrático de Direito do estado autoritário fascista que ameaçam os princípios básicos de cidadania e o futuro do país.