
Bolsonaro e a morte
A doença de Bolsonaro nos põe de novo diante de um falso dilema, porque o homem adoece a toda hora.
É ético ou moralmente sustentável que pelo menos metade do Brasil não torça pela recuperação de Bolsonaro?
E que, desta metade, a grande maioria torça na verdade pelo fim de Bolsonaro?
É uma questão que só ganha relevância pela postura do próprio Bolsonaro e de seus seguidores diante da morte.
Torcer para que alguém morra era um esporte amador no Brasil. Bolsonaro transformou a torcida pela morte em atividade de governo.
Bolsonaro debocha dos mortos, despreza a dor dos que perderam familiares, amigos e conhecidos na pandemia. Boicotou por meses os apelos pela vacinação. Nunca fez um gesto, um só, de arrependimento.
Por isso, quem quiser que torça à vontade, sem piedade, para que aconteça o pior.
Não há como ter compaixão por um ser repulsivo diante do sofrimento de um país desprotegido por tanto tempo por seu negacionismo e pelos seus falsos milagres de tratamentos precoces que matam e enriquecem seus amigos.
Quem reza por Bolsonaro está orando por um sujeito desprezível, que só se agarra ao seu Deus quando ele é quem corre o risco de ficar diante do diabo.
Bolsonaro vive da exploração da morte como pretexto para todos os seus gestos políticos e para fortalecimento da própria imagem de homem que sofre e vence o sofrimento.
O único sofrimento que importa é o dele, o sofrimento com viés político que ajuda a sustentar o que a sua eleição significou para o Brasil como relação mórbida com ódio, vingança, desalento, desemprego, miséria, depressão, tristeza.
Tudo no entorno de Bolsonaro tem cheiro de morte. Os vampiros civis e militares das facções das vacinas são os empreendedores da exploração da morte dentro do governo. Bolsonaro é a morte.
(A arte que ilustra este texto é um detalhe da pintura a óleo Death and Life, de Gustav Klimt)
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