
Bolsonarista na postura, Ciro é muito mais que um desastre comportamental
Durante um certo período para cá, e movida pela condescendência que marca as pessoas de boa fé, muita gente que conheço tinha pena de Ciro Gomes. “Não gira bem da cabeça”, diziam umas. “É doentinho”, compadeciam-se outras. Até mesmo atribuíram a essa aparentemente debilidade o papel deplorável que desempenhou ao fugir para Paris, feito um coelho assustado, só para não ter que dar desculpas por não votar em Haddad e no PT, única opção decente e lógica para o eleitor com um mínimo de decência e de lógica dizer “não” à chegada do fascismo no Brasil. Reação que acabou não logrando êxito por conta de atitudes equivocadas feito as de Ciro.
Erraram todas e todos. Ciro Gomes, que hoje chegou ao fundo do abismo ao conceder umas das entrevistas mais irresponsáveis da política brasileira, não é um doente. Doente se trata e, se tiver sorte e cuidados, melhora. Pelo contrário, ele sabe muito bem o que faz, embora não se possa dizer o mesmo do que diz. Como imaginar o que se passa na cabeça de um ser humano que acusa Lula de ser artífice do impeachment de Dilma Rousseff? Difícil…
A capacidade do ex-ministro de produzir assertivas não verdadeiras só é comparável à sua ânsia desesperada de crescer no gosto popular, o que não consegue. Uma estagnação que o deixa no ponto de ser chamado, em algumas rodas, de “Ciro Seis Por Cento” pelo seu índice mais alto nas pesquisas. O problema de Ciro Gomes é ideológico. Assim como acontece com Jair Bolsonaro, a cada dia que passa, fica claro, o mentor do político cearense, em quesitos como arrogância, ódio e fakenews. No último quesito, então, Ciro tem se mostrado tão ou mais produtivo quanto todos os “zeros” de Bolsonaro, juntos.
Ciro Gomes é, hoje, um dos grandes fabricantes de lorotas em atividade, no País. E se o assunto é inventar sobre o próprio ego e contra um cidadão chamado Luiz Inácio Lula da Silva, aí que ele se torna imbatível. Aí, a vanguarda é dele, ninguém tasca, ele viu primeiro. A fixação por Lula beira a doença – embora, como aqui já dito, de doente ele não tem nada. Um misto de inveja com incompreensão da realidade torna o pedetista uma figura odiosa, politicamente má e potencialmente bolsonarista. Ciro é hoje, se brincar, tão Bolsonaro quanto o próprio Tenente reformado Jair.
No outro extremo da linha de tiro, Lula dá aula de como se portar. Político e paciente, duas características que Ciro Gomes não conseguiu lapidar (apesar da idade), o líder dos petistas tem uma postura serena e compreensiva, malgrado o nível rasteiro de agressões que recebe do seu maior desafeto. Lula já estendeu a mão que afaga e recebeu de volta o apedrejamento que cantou uma vez Augusto dos Anjos. Mas, vida que segue. Com cada um dando o que tem, o que pode dar.