Ciro Gomes e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)

Bolsonarista na postura, Ciro é muito mais que um desastre comportamental

13 de outubro de 2021, 15:54

Durante um certo período para cá, e movida pela condescendência que marca as pessoas de boa fé, muita gente que conheço tinha pena de Ciro Gomes. “Não gira bem da cabeça”, diziam umas. “É doentinho”, compadeciam-se outras. Até mesmo atribuíram a essa aparentemente debilidade o papel deplorável que desempenhou ao fugir para Paris, feito um coelho assustado, só para não ter que dar desculpas por não votar em Haddad e no PT, única opção decente e lógica para o eleitor com um mínimo de decência e de lógica dizer “não” à chegada do fascismo no Brasil. Reação que acabou não logrando êxito por conta de atitudes equivocadas feito as de Ciro.

Erraram todas e todos. Ciro Gomes, que hoje chegou ao fundo do abismo ao conceder umas das entrevistas mais irresponsáveis da política brasileira, não é um doente. Doente se trata e, se tiver sorte e cuidados, melhora. Pelo contrário, ele sabe muito bem o que faz, embora não se possa dizer o mesmo do que diz. Como imaginar o que se passa na cabeça de um ser humano que acusa Lula de ser artífice do impeachment de Dilma Rousseff? Difícil…

A capacidade do ex-ministro de produzir assertivas não verdadeiras só é comparável à sua ânsia desesperada de crescer no gosto popular, o que não consegue. Uma estagnação que o deixa no ponto de ser chamado, em algumas rodas, de “Ciro Seis Por Cento” pelo seu índice mais alto nas pesquisas. O problema de Ciro Gomes é ideológico. Assim como acontece com Jair Bolsonaro, a cada dia que passa, fica claro, o mentor do político cearense, em quesitos como arrogância, ódio e fakenews. No último quesito, então, Ciro tem se mostrado tão ou mais produtivo quanto todos os “zeros” de Bolsonaro, juntos.

Ciro Gomes é, hoje, um dos grandes fabricantes de lorotas em atividade, no País. E se o assunto é inventar sobre o próprio ego e contra um cidadão chamado Luiz Inácio Lula da Silva, aí que ele se torna imbatível. Aí, a vanguarda é dele, ninguém tasca, ele viu primeiro. A fixação por Lula beira a doença – embora, como aqui já dito, de doente ele não tem nada. Um misto de inveja com incompreensão da realidade torna o pedetista uma figura odiosa, politicamente má e potencialmente bolsonarista. Ciro é hoje, se brincar, tão Bolsonaro quanto o próprio Tenente reformado Jair.

No outro extremo da linha de tiro, Lula dá aula de como se portar. Político e paciente, duas características que Ciro Gomes não conseguiu lapidar (apesar da idade), o líder dos petistas tem uma postura serena e compreensiva, malgrado o nível rasteiro de agressões que recebe do seu maior desafeto. Lula já estendeu a mão que afaga e recebeu de volta o apedrejamento que cantou uma vez Augusto dos Anjos. Mas, vida que segue. Com cada um dando o que tem, o que pode dar.

Escrito por:

Jornalista e compositor, com passagem por veículos como o Jornal do Commercio (PE) e as sucursais de O Globo, Jornal do Brasil e Abril/Veja. Teve colunas no JC, onde foi editor de Política e Informática, além de Gerente Executivo do portal do Sistema JC. Foi comentarista político da TV Globo NE e correspondente da Rádio suíça Internacional no Recife. Pelo JC, ganhou 3 Prêmios Esso. Como publicitário e assessor, atuou em diversas campanhas políticas, desde 1982. Foi secretário municipal de Comunicação. Como escritor tem dois livros publicados: "Bodas de Frevo", com a trajetória do grupo musical Quinteto Violado; e "Onde Está Meu Filho?", em coautoria, com a saga da família de Fernando Santa Cruz, preso e desaparecido político desde 1973. Como compositor tem dois CDs autorais e possui gravações em outros 27 CDs, além de um acervo de mais de 360 canções com mais de 40 músicos parceiros.

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