Festa de boas-vindas à filósofa Marcia Tiburi, São Paulo, SP 14/7/23 (Foto: Arquivo pessoal)

As boas-vindas a Marcia Tiburi de volta de seu auto-exílio

18 de julho de 2023, 10:08

Foi em São Paulo, num edifício com nome de príncipe e um portão de entrada que só o Palais de L’Élysées tem parecido. Era jantar de boas-vindas para a filósofa Marcia Tiburi, auto-exilada na Europa devido aos ataques e ameaças que passou a sofrer, na era do inominável, sobretudo do MBL.

Por amor à pele, ela se refugiou na França, onde descobriu sua vocação de pintora. Chegou abraçando duas telas encomendadas pelo anfitrião Walfrido Warde, dos maiores advogados de SP, especialista em grandes contenciosos. Nos quadros, imensos e de forte impacto visual, se destacam o ouro, tons terrosos e o vermelho, inspirando sudários de sofrimento, torturas, dor. Marcia é uma revelação!

Performática, ela estende os trabalhos no chão, exibe neles as marcas de suas pegadas, a vida impressa na abstração. Junto com Walfrido, Marcia corre pela sala, escolhendo as paredes onde os quadros serão exibidos. Sobem no sofá, a tela derruba um copo de vinho, os empregados correm para limpar e secar, uma performance e tanto!

E nós, na plateia, entramos na brincadeira. Este foi apenas um ato do jantar-espetáculo com direito a outra obra de arte: o bufê. É, gente, os banquetes paulistanos são como naturezas mortas ao nível de Caravaggio, Cézanne, Matisse, em que a beleza só perde para o sabor.

Como dessert da noite pantagruélica, o relato de outro talento desconhecido da Tiburi: ela vê fantasmas! Vê tanto que, quando sai às ruas, não sabe discernir quem é vivo, quem é morto. Mas era bem morto o fantasma de um Orléans e Bragança, finado morador do apartamento de Marcia na Rui Barbosa, RJ, e que não perdia a fleugma nem para assombrar. Se fossem encontros informais, o fantasma aristocrata aparecia de pijama listrado. Nas festas de gala, surgia em smoking de flanela marrom. Fiquei imaginando o chiquê.

Zelia Duncan e Flávia Pedras, a viúva de Jô Soares, que estavam lá, podem confirmar o que digo. Bem como os jornalistas do #brasil247, Leonardo Attuch, Joaquim de Carvalho e Florestan Fernandes Jr., com suas belas mulheres, o deputado Emidio de Souza (PT), o antiquario André Danemberg e mais e mais.

Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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