Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

A pandemia só confirmou a índole agressiva, misógina e desumana do presidente

22 de junho de 2021, 10:35

Tendo como pano de fundo o irrespondível genocídio que já vitimou mais de meio milhão de brasileiros, em grande parte, creditado à desídia calculada do seu governo, o presidente da República apelou para o que sabe fazer: a agressão, a mentira e a falta de decoro. Como bem costuma fazer o descontrolado chefe do desgoverno brasileiro, o alvo foi, novamente, a imprensa. Mais lamentavelmente, como de hábito, através do mecanismo covarde e misógino de atacar mulher.

Vendo-se acuado e com os níveis de popularidade descendo pelo ralo, Jair Bolsonaro apela para o que o seu nível de educação permite. Aproveitou uma entrevista coletiva para animar a sua plateia sedenta de sangue e de circo. Trata-se de uma tática recorrente. Todas as vezes que a sua situação não se sustenta e que o seu insustentável mandato assume ares de tragédia política, ele sai com uma agressão, como uma mentira ou com uma piada de mau gosto, esta sempre saudada pelo gargalhar frenético de seu entourage.

Ao agredir de maneira inaceitável a jornalista Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo, o ocupante eventual do Palácio do Planalto acrescentou mais um capítulo em sua triste carreira de agredir mulheres. As da imprensa, com especial predileção. Há menos de um mês, a vítima foi Daniela Lima, da CNN. À primeira dirigiu um insano “cala a boca”, justificado e praticamente aplaudido pela única mulher presente da comitiva presidencial, a deputada federal Carla Zambelli. A segunda chamou de “quadrúpede”, termo usado, talvez, por identificação, já que tratam por “gado” os seus fiéis seguidores.

A verdade é que o comportamento do presidente da República, sem novidades em termos de falta de educação e postura para o cargo, reflete o que ele prometeu que faria em sua ilusória campanha eleitoral. Nisso é coerente. Nada do que faz, hoje, deixou de ser alertado lá atrás, quando o então “candidato a mito” garantiu esmigalhar adversários políticos, pregou tortura e louvou torturadores, defendeu o “fuzilamento da petralhada” e tiros do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sonhou com uma guerra civil com 30 mil mortos. A glória!

Este último “sonho” de Bolsonaro foi superado com a pandemia da Covid-19 em mais de 470 mil vidas ceifadas. Desse total de mortos – apontam os cientistas e não os negacionistas e bolsonaristas -, um terço, no mínimo, estaria viva se o país tivesse vacina, política de saúde e presidente da República. Sobre Bolsonaro, por sinal, a pandemia, por sinal, só fez pôr a limpo qualquer dúvida que, por acaso, ainda se tivesse a respeito de sua índole e do seu desapreço pela humanidade.

Escrito por:

Jornalista e compositor, com passagem por veículos como o Jornal do Commercio (PE) e as sucursais de O Globo, Jornal do Brasil e Abril/Veja. Teve colunas no JC, onde foi editor de Política e Informática, além de Gerente Executivo do portal do Sistema JC. Foi comentarista político da TV Globo NE e correspondente da Rádio suíça Internacional no Recife. Pelo JC, ganhou 3 Prêmios Esso. Como publicitário e assessor, atuou em diversas campanhas políticas, desde 1982. Foi secretário municipal de Comunicação. Como escritor tem dois livros publicados: "Bodas de Frevo", com a trajetória do grupo musical Quinteto Violado; e "Onde Está Meu Filho?", em coautoria, com a saga da família de Fernando Santa Cruz, preso e desaparecido político desde 1973. Como compositor tem dois CDs autorais e possui gravações em outros 27 CDs, além de um acervo de mais de 360 canções com mais de 40 músicos parceiros.

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