A diplomação

12 de dezembro de 2022, 16:50

Lula e Janja, Alckmin e Lu, os presidente e vice-presidentes eleitos, chegam com suas esposas ao TSE para a solenidade de sua diplomação. Ocasião solene, com Dragões da Independência perfilados em corredor para a passagem das autoridades em tapete vermelho.

Não foi com essa pompa e circunstância, a cerimônia de diplomação do primeiro Presidente da República da redemocratização, por eleição indireta, em janeiro de 1985, Tancredo Neves.

Por força da boa relação com Tancredo Neves, dona Risoleta e sua família, tive a honra de ser convidada para a cerimônia de sua diplomação como Presidente da República. Não foi no auditório do TSE. Foi, se não me falha a memória, no Congresso Nacional. Numa sala de auditório pequeno – a eleição de Tancredo foi no plenário, não a diplomação.

Estavam presentes os eleitos, seus aliados políticos mais próximos, lembro-me de Milton Reis e Marina, de Mauro Salles, de toda a unida família Neves. Que eu me recorde, eu era a única jornalista presente. Obviamente havia fotógrafo e cinegrafista, mas foi um evento praticamente reservado. Fotografei, anotei e publiquei no Globo.

Do lado de fora da sala, a imprensa brasileira borbulhava. Havia mesmo uma euforia pela retomada democrática. Apesar de acontecer por via indireta, apesar de a escolha não ter sido por voto popular, o sentimento era de entusiasmo por o Brasil retomar seu rumo, com as instituições republicanas em sua normalidade, pela passagem de poder ser feita sem violência, sem o “jus esperneandi”.A violência já havia sido de imenso tamanho, a repressão já tinha ultrapassado todos os limites da imaginação humana. Fechava-se um ciclo de censura, meias verdades, mentiras deslavadas, terrorismo de estado, perseguições, prepotência, e toda a sorte de aberraçoes cometidas quando o poder absoluto é entregue a um grupo humano, e não existe justiça, não há códigos, ética, princípios. A truculência e a barbárie sao permitidas e jamais contidas.

Quando até os poderosos se temem. O autoritarismo se sobrepõe à lógica; o fanatismo, à justiça. A delação sem respaldo na verdade é desenfreada. Aquele tempo passou. Como passarão os quatro anos doentes de Bolsonaro.Apoie a iniciativa do Jornalistas pela Democracia no Catarse

Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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