ONG busca apoio para construir moradias emergenciais para pessoas em vulnerabilidade
Nesta quinta-feira (23), às 15h, a Universidade de Brasília (UnB) sediará o painel “Políticas Habitacionais e Sociedade Civil: Caminhos para a Transformação”. O evento é aberto ao público e acontecerá no Auditório Azul da Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas (FACE) da UnB.
O painel terá a participação de representantes do Ministério das Cidades, da Frente Parlamentar dos Centros Urbanos e da Embaixada do Congo. A ideia do encontro é mostrar a realidade do déficit habitacional de Brasília, segundo explica a gestora da Organização Não-Governamental (ONG) TETO Centro-Oeste, Victoria Barreto. “Queremos que a população entenda, trazendo pessoas com conhecimento do assunto, que a moradia é um direito e não um privilégio”, enfatiza.
O objetivo também é divulgar o trabalho da ONG, chamar voluntários e coletar recursos para continuar as construções de moradias emergenciais. Para a gerente de Pessoas e Voluntariado da TETO Brasil, Raffaella Souza, a mobilização é o primeiro passo para conseguir viabilizar toda a construção da proposta de moradias emergenciais.
“Neste ano, especificamente, queremos muito trazer a pauta moradia, pois ela é o primeiro lugar da pessoa no mundo”, observa. “Quando se nasce em um barraco com chão de terra batido, que tem paredes feitas de papelão e resto de guarda-roupa, isso é claramente uma violação de um direito humano básico”, afirma Raffaella.
Déficit habitacional
Análises do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) mostram que o déficit habitacional — moradias em condições precárias — na capital do país é de 100.701 unidades. O número corresponde a cerca de 10% das mais de 963 mil residências estimadas para o DF, com base na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2021.
Moradias emergenciais
Pensando em minimizar esse cenário, a organização não governamental TETO Centro-Oeste atua na construção de moradias emergenciais. No Distrito Federal, a comunidade escolhida foi o Assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho. De acordo com Victoria Barreto, o projeto chegou ao DF em agosto do ano passado e foram construídas cinco casas no assentamento.
“A gente acredita que, no momento em que a pessoa consegue sair de uma situação precária, ela tem um ‘respiro’ para correr atrás de outros objetivos e, assim, conseguir uma moradia definitiva”, avalia. “Sou arquiteta de formação e entrei na ONG há dois anos. Para mim, trabalhar com um público de baixa renda faz com que eu me sinta mais realizada, tanto profissionalmente quanto pessoalmente”, destaca Victoria.
Segundo ela, o projeto parte agora para Goiás, mas deve retornar à capital federal. “A previsão é de voltar para o DF no fim do ano, construindo de sete a 10 casas, em outro local”, detalha. “Temos uma equipe que está fazendo um mapeamento das comunidades para, em seguida, definirmos aquela que está com maior urgência”, acrescenta.
TETO Brasil
A gestora comenta que a TETO é uma organização internacional, mas atua no Brasil há 18 anos. “Tudo começou no Chile, quando um grupo de voluntários foi em uma comunidade para construir uma igreja, mas, chegando lá, viram que a necessidade não era essa, conversando com os moradores, mas de residências”, explica. No Brasil, foram construídas, até agora, 4.909 moradias de emergência pelo projeto.
Em 18 anos de atuação no Brasil, a TETO impactou mais de quatro mil famílias e ergueu cerca de 300 projetos de infraestrutura comunitária. “Damos esse primeiro passo para que as pessoas consigam, cada vez mais, se desenvolver e sair desse ciclo de pobreza”, ressalta a gerente da TETO Brasil. “A pessoa que não tem uma casa digna não consegue ter cabeça ou ter estruturas para trabalhar, estudar e, realmente, sair dessa situação de vulnerabilidade”, completa Raffaella.
Foto: Divulgação/TETO Brasil
Com informações do Correio Braziliense