Estudo da CLDF revela fragilidade no transporte público do Sol Nascente e Pôr do Sol
Um estudo elaborado pela Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) revelou a diminuição na oferta de linhas de ônibus que atendem a região de Sol Nascente e Pôr do Sol, durante o fim de semana, além de rotas com mais de três horas de duração, entre outras fragilidades.
O estudo foi apresentado, na sexta-feira (27), durante audiência pública promovida pela CLDF com o tema “Mobilidade Urbana como Direito à Cidade”, transmitido ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube, com tradução simultânea em Libras. O evento faz parte do projeto Câmara nas Cidades da CLDF, que busca aproximar a Câmara Legislativa das várias comunidades do Distrito Federal.
Segundo o deputado Max Maciel (PSOL), que preside a CTMU, o colegiado recebe muitas demandas por melhorias no serviço de transporte público no DF, daí a iniciativa da elaboração do estudo das linhas de ônibus que passam pelo Sol Nascente e Pôr do Sol. “O papel da comissão é fiscalizar, propor melhorias e fazer um acompanhamento sistêmico e de diálogo com as empresas, poder público e sociedade civil a fim de resolver boa parte dos gargalos”.
Aumentar a quantidade de viagens por dia e suprir lacunas nos finais de semana são algumas das sugestões apontadas no estudo, o qual será encaminhado à Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF, a fim de que sejam tomadas providências por parte das empresas concessionárias que operam o transporte público na capital federal.
Demandas comunitárias
Diversos moradores e lideranças comunitárias se manifestaram durante o evento, reforçando a necessidade de melhorias na mobilidade urbana. A representante das Brigadas Populares, Larissa Rodrigues, moradora do Pôr do Sol, descreveu a rotina de usuários do sistema de transporte público, com constantes atrasos e extensas viagens. “Estamos exaustos dessa organização da cidade e dos transportes que perpetua a lógica das cidades-dormitórios”.
Eduardo Borges, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), protestou contra a ineficiência do transporte público na região. “Quando se fala em mobilidade urbana se fala em dignidade humana”.
O representante da concessionária Expresso São José, Manuel Messias, afirmou que, desde o início das operações na região, a empresa busca melhorias dos serviços prestados no DF.
O administrador da região Sol Nascente, Claudio Domingues, disse acreditar que o GDF irá atender às demandas apresentadas pela comunidade durante o projeto Câmara nas Cidades, inclusive àquelas sobre mobilidade urbana levantadas pela audiência.
Mobilidade urbana integrada
A audiência pública contou, ainda, com a participação de outras instituições como a Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e Universidade de Brasília (UnB), as quais também contribuíram com sugestões sobre o tema.
O promotor da Prourb Dênio Moura, por exemplo, entende que a mobilidade urbana vai além do transporte coletivo e implica em mobilidade ativa, que engloba bicicleta, andar a pé, e outras alternativas em um sistema que deveria ser integrado. Assim, ele incentivou a participação social na construção dessas políticas públicas, como os conselhos, consultas e redes, entre outros instrumentos.
Já a professora Liza Andrade, da UnB, doutora em Arquitetura e Urbanismo, avalia que as erosões e a falta de áreas verdes, na região do Sol Nascente e Pôr do Sol, são empecilhos à mobilidade ativa. Ela alertou sobre situações de risco e sugeriu a construção de planos comunitários com a Defesa Civil e Governo do Distrito Federal (GDF).
No final do evento, o deputado Max Maciel anunciou que haverá uma reunião técnica no dia 29 de novembro e insistiu na presença de todos os órgãos do governo que lidam com mobilidade urbana.
Foto: Reprodução
Com informações da CLDF