Foto: Alberto Ruy/IgesDF

Cirurgia torácica com realidade 3D marca evento internacional no Hospital de Base

11 de abril de 2025, 19:30

O Hospital de Base do Distrito Federal foi o centro de uma experiência inédita que uniu inovação tecnológica, formação médica e cuidado com o paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta sexta-feira (11), a unidade hospitalar sediou o encerramento do II Curso Internacional de Segmentectomia Pulmonar e Reconstrução 3D — encontro que reuniu profissionais de referência do Brasil, Estados Unidos e Canadá.

Durante o evento, duas pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão precoce foram operadas com o uso de tecnologias avançadas. Os procedimentos, feitos por via minimamente invasiva, integraram a programação prática do curso e foram transmitidos ao vivo para países da América Latina, com tradução simultânea em espanhol. A iniciativa demonstrou, na prática, que é possível oferecer atendimento de excelência também na rede pública.

“Ao realizar cirurgias desse nível no SUS, mostramos que o acesso à medicina de ponta não precisa estar restrito ao setor privado”, afirmou o cirurgião torácico Antônio Bonaparte, responsável técnico pelo serviço no Hospital de Base. “Estamos operando pacientes com uma das técnicas mais modernas do mundo, oferecendo segurança e qualidade nos resultados.”

Cirurgia com tecnologia e precisão

A técnica aplicada nos procedimentos foi a segmentectomia pulmonar anatômica por videotoracoscopia — abordagem menos invasiva, que retira apenas a parte do pulmão afetada, preservando o restante do órgão. O diferencial do curso foi o uso de reconstruções tridimensionais da anatomia pulmonar a partir de exames de imagem, permitindo que os médicos visualizassem em detalhes a área a ser operada antes mesmo da incisão.

Segundo Bonaparte, essa tecnologia representa um divisor de águas. “Conseguimos mapear a anatomia com exatidão, o que aumenta a segurança da cirurgia e reduz riscos. Quando o câncer é diagnosticado precocemente, a chance de cura pode chegar a 92%.”

Além do benefício direto às pacientes operadas, o curso também teve como meta ampliar a difusão dessa técnica entre os profissionais de saúde da América Latina. A expectativa é que, com mais equipes capacitadas, o tratamento seja incorporado de forma mais ampla ao SUS, reduzindo complicações e preservando a qualidade de vida dos pacientes.

SUS como espaço de formação e inovação

A proposta de realizar as cirurgias no Hospital de Base também teve um caráter simbólico: reforçar que o sistema público tem capacidade de oferecer tratamentos de alto nível, desde que conte com profissionais qualificados e infraestrutura adequada. “Muitos dos equipamentos que usamos já estão disponíveis na rede pública. O que falta, em alguns casos, é o robô cirúrgico e os recursos de realidade virtual 3D, mas mostramos aqui que isso também pode se tornar realidade no SUS”, defendeu Bonaparte.

A cirurgiã Paula Ugalde, do Brigham and Women’s Hospital, da Harvard Medical School, foi uma das convidadas internacionais do evento. Para ela, a grande vitória foi ver a tecnologia sendo aplicada diretamente em benefício das pacientes. “Fizemos incisões mínimas, usando óculos de realidade mista. Isso representa um avanço enorme não só para a medicina, mas para o ensino — porque foi possível transmitir esse conhecimento a centenas de profissionais em formação, que acompanharam tudo em tempo real.”

Além da equipe brasileira, o curso contou com o apoio de instituições internacionais e empresas parceiras, que forneceram materiais e suporte técnico. Uma radiologista baseada no Canadá participou à distância, reforçando o caráter colaborativo e global do projeto.

*Com informações da Agência Brasília

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