Casos de sífilis aumentam em 61% no Distrito Federal
Entre 2019 e 2023, mais de 12 mil ocorrências de sífilis adquirida foram identificadas no Distrito Federal, de forma que, no ano passado, houve um salto de 61,3% nos casos da doença, em relação a 2022. Também em 2023, a taxa de mortalidade infantil por sífilis congênita foi de 19,7 óbitos por 100 mil nascidos vivos, representando 7 mortes em números absolutos. Os dados são da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) e do Ministério da Saúde.
A doença é considerada a infecção sexualmente transmissível (IST) mais antiga da história. Ela apresenta sintomas discretos, mas pode causar complicações graves, se não tratada adequadamente, levando, inclusive, a óbito.
Segundo Ana Beatrix Ferreira Caixeta, infectologista do Hospital Encore, o comportamento sexual desprotegido e com múltiplos parceiros pode estar por trás do aumento. “Porém, a alta dos diagnósticos em si, assim como da notificação dos casos, também contribui para os números alarmantes”, explica. No Brasil, a sífilis é uma doença de notificação compulsória, portanto, todo profissional de saúde deve comunicar os casos às autoridades sanitárias.
Infecções em alta
Devido ao tratamento simples e efetivo — feito com o antibiótico penicilina benzatina e disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) — trata-se de uma doença que teria condições de ser erradicada no país. É o que defende o médico Ralcyon Teixeira, infectologista do Hospital Sírio-Libanês. “É uma visão hipotética, pois, na prática, isso tem se mostrado difícil de acontecer”, pontua.
“Falta conscientização sobre a doença e suas possíveis complicações, além da dificuldade de acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico, por parte de grupos marginalizados. Ainda há medo do tratamento e, claro, o preconceito”, enumera o infectologista. Para sífilis, também não há vacina.
De 2019 a 2023, os maiores coeficientes de detecção por 100 mil habitantes foram identificados no sexo masculino e na faixa etária de 20 a 29 anos (234,1 e 347,4, respectivamente), de acordo com o Informativo Epidemiológico, da SES/DF. Em relação ao sexo feminino, neste mesmo período, os maiores coeficientes de detecção foram encontrados na faixa etária de 20 a 29 anos, com 70,9 e 148,3 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente.
O infectologista Ralcyon Teixeira explica que a discrepância se deve ao fato de as mulheres geralmente cuidarem mais de perto da saúde e fazerem mais exames durante a vida. “Os homens são mais diagnosticados com sintomas ou quando surgem complicações. Também existe o fato do homem ter o genital externo, facilitando a visualização da úlcera primária”, destacou.
Por dentro da IST
A sífilis, causada pela bactéria Treponema pallidum, pode ser transmitida por relações sexuais ou contato direto com lesões. A infecção pode ser adquirida ou congênita, caso em que a mãe com sífilis — não tratada ou tratada de forma inadequada — transmite a bactéria para o feto durante a gestação ou parto. A doença tem cura e o tratamento está disponível pelo SUS.
Com informações do Correio Braziliense