Com ameaça de porrada a jornalista, cai a farsa do Jair Paz e Amor
Vi nas redes nas redes sociais uma sugestão que deveria ser abraçada, de imediato. Ao longo da semana, os repórteres que cobrem o dia-a-dia de Jair Bolsonaro deveriam fazer a ele uma única pergunta:
– Presidente, porque sua esposa recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?
Das duas uma. Ou presidente da República iria acabar respondendo à questão, o que é obrigação dele, por imposição do cargo que lhe determina ser transparente e esclarecer todas as dúvidas que pairem sobre sua conduta de principal servidor público do País. Ou iria cair por terra essa sua mania de expelir bravata, como se tivesse, realmente, coragem para sair enchendo a boca dos outros de porrada.
Aliás, o comportamento da mídia que cobre o Planalto já deveria ser outro, há muito tempo. Desde que o “mito” se dedicou a agredir seus interlocutores naquele cercadinho infame com que passou a receber a imprensa, dividindo absurdamente o espaço entre os jornalistas que estavam ali trabalhando com os bolsominions que para ali de dirigiam com dois propósitos: puxar o saco do ídolo de barro e impedir a imprensa de fiscalizar e noticiar a rotina do presidente, cada vez mais confusa e suspeita. A partir dali, era para a imprensa ter se negado a participar daquele circo.
Nesse domingo, o que o repórter do jornal O Globo fez foi cumprir com sua obrigação, que foi questionar sobre os cheques do amigo de fé, irmão e camarada dos Bolsonaro Fabrício Queiroz para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Não havia outra coisa a se perguntar numa escala de relevância jornalística. É o que o País quer saber. A resposta foi: “Tenho vontade de encher tua boca de porrada!”.
A vida financeira e política dos Bolsonaro tem se mostrado completamente diferente oposta ao que o “Messias” prometeu ao longo de uma campanha eleitoral – seria provado depois – eivada de fake news e de promessas de combate sem tréguas à corrupção e ao mau uso do dinheiro público. Sem ter como questioná-lo, pois ele não fez campanha feito os demais candidatos – estava se “recuperando de um atentado”, até hoje mal explicado -, a concorrência viu ele crescer à sombra de ameaças de perseguição aos adversários políticos, de promessa de armamento da população e de extermínio de grupos rivais. Promessas que só não cumpriu todas por conta da reação da população, do Judiciário e do Legislativo.
A ameaça sem sentido e violenta do presidente ao repórter de O Globo enterra o estilo “paz e amor” com que ele tentou enganar uma parte da opinião pública. Uma farsa na qual só caiu mesmo quem acabara de chegar ao planeta e não conhecia seu estilo mal educado, ignorante, violento, misógino, preconceituoso e retaliador. Fingir humanidade não colou.
Jair Bolsonaro é um caso perdido.