Reunião contra Covid-19 de Bolsonaro com os Poderes rende, no máximo, uma foto capenga
Se você acredita na reunião desta quarta-feira (24), entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para “resolver o problema” da Covid-19 no Brasil, você também acredita no Papai Noel e no coelhinho da Páscoa. Vai ver até você botou fé no juiz Sérgio Moro ao escolhê-lo como o seu super herói. Tudo soou como uma empulhação. Pra começo de conversa, uma “força-tarefa”, diga-se, que inventaram um ano depois no começo da pandemia da Covid-19, 300 mil mortes depois. De concreto, essa manhã surreal só rende mesmo foto desenquadrada. Nada mais.
Não houve representatividade minimamente suficiente para se formar um gabinete de crise digno desse nome. O convescote institucional só teve a participação de um governador, mesmo assim, aliado do presidente da República e de sua política fracassada. A credibilidade se foi pelo ralo e sumiu de vez quando o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) – eleito para o cargo com ajuda do presidente da República, assim como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também presente no ajuntamento – declarou-se “representante” dos governadores no tal comitê. Não teve, ainda, nenhum prefeito, os gestores que, em última análise, estão na linha de frente da ação de imunização por serem os responsáveis pela. Foram inacreditavelmente ignorados.
No seu pronunciamento, o presidente da República e seus auxiliares estavam todos de máscara, como se as utilizassem rotineiramente. Presidente que tem no negacionanismo da doença e seus efeitos o cerne do seu discurso e da sua prática. E que defende, à larga, o irresponsável “tratamento” precoce da doença, com foco em medicamentos fora de propósito e sem eficácia. Ontem mesmo, ele voltou a falar na panaceia, insistindo da utilização desses remédios do tal Kit Covid, como a inefável cloroquina, fabricado no Brasil por apoiadores do presidente, ou o ivermectina). Foi quase que em coro com o mantra dos bolsonarista: “tem salvado vidas”.
Para completar o quadro, o presidente levou ao festim a nata do seu ministério, em sua faceta mais exótica: o que faziam lá o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o sumido general heleno, a ministra dos “direitos humanos”, Damares Alves, o ministro sabe-se lá de que Onyx Lorenzoni… só Deus sabe. Sem falar no novo ministro da Saúde, que tomou posse um dia antes, improvisadamente, como tudo no governo federal em relação ao setor.
A reunião, que não deve dar em nada, ocorre no momento em que a OAB pede à Procuradoria Geral da República que ofereça denúncia contra o presidente da República por, pelo menos, seis crimes contra a vida e a saúde. Os crimes incluem do descaso como a doença sempre foi tratada pelo governo federal e por seu “comandante”, à recomendação indevida do Kit Covid, com os medicamentos inúteis já citados, além da condenação veemente do isolamento social, do uso de máscara e das ações mínimas de higiene.
Enfim, a Ordem dos Advogados do Brasil quer que o presidente da República responda por sua ação contra a vida dos brasileiros. Os mesmos móvitos pelos quais o Tribunal Internacional acusa o presidente. Em português claro, o conjunto desses crimes tem nome.