
A resignação da Folha com a pesquisa fraudulenta
É frouxa a notícia da Folha sobre a pesquisa inventada divulgada ontem à noite em Porto Alegre inclusive pelo candidato da direita, Sebastião Melo, do MDB. Em nenhum momento a Folha informa que irá pedir investigações sobre o caso, para que sejam descobertas a origem e os caminhos da pesquisa fraudulenta que usa a marca do Datafolha e do grupo Folha.
A Folha, sempre tão rigorosa, vai se contentar com uma notinha em que diz que não fez pesquisa nenhuma em Porto Alegre? Vai ficar só com a notinha sobre a pesquisa falsa que dava Sebastião Melo à frente de Manuela D’Ávila (PCdoB), quando uma pesquisa verdadeira do Ibope dizia o contrário?
A marca da Folha, proprietária do Datafolha, foi fraudada por gângsteres, e a Folha acha que isso configura apenas um erro?
A resignação da Folha não existiria diante do mínimo erro cometido pela esquerda. Mas a Folha deve achar que não precisa fazer nada contra quem usou sua imagem para fabricar uma mentira criminosa.
A notícia da Folha diz apenas que “o conteúdo falso foi replicado na conta oficial do Instagram de Melo e publicado no site da Band, que corrigiu o texto no final da noite”.
O site da Band se chama band.uol.com.br e está hospedado no portal do UOL (veja na foto). Ontem à noite, o site da Band publicou uma nota precária com o que seria uma “correção”.
A nota esclarece que a pesquisa foi inventada, mas sem atribuir a divulgação a um erro do próprio site que faz a correção. E informa que o site teria este endereço: Band.com.br.
Assim mesmo, com Band com B maiúsculo. Mas o endereço é incorreto, porque deveria incluir a palavra UOL. O endereço que está no próprio site com a correção dá o nome certo: band.uol.com.br.
Por que o nome do UOL foi escondido na nota da correção? A notícia de hoje da Folha, assinada por Daniela Arcanjo, também não esclarece que a Band abriga seu serviço de jornalismo online no UOL. Por que esconder o UOL de novo? O UOL tem participação acionária do grupo Folha.
UOL também é responsável pela publicação da fraude. Mas a notícia da Folha diz apenas que o jornal procurou o grupo Band para esclarecimentos. Por que não procurou o UOL?
A Folha e o Datafolha estão encarando o crime como algo que necessita apenas de correção. Não se trata apenas disso. Não foi um erro o que aconteceu. Foi um crime. E não é um crime restrito somente à área das pesquisas, mas do jornalismo.
A Folha deve contribuir, com a pressão de entidades do setor da comunicação, sindicatos e OAB, para que o Ministério Público e a polícia esclareçam o caminho da pesquisa fraudulenta.
Onde foi gerada, como foi parar no grupo Band, quem publicou a pesquisa no site e como foi replicada pelo Instagram da campanha de Sebastião Melo?
Parece complicado, mas não é. A Polícia Federal encontrou em Portugal o hacker que invadiu o sistema do TSE.
O fabricante da pesquisa criminosa pode até estar bem longe. Mas os que encomendaram a pesquisa e todos os seus cúmplices devem estar bem aqui perto.